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quinta-feira, 15 de maio de 2008
Neo-Expressivismo
Estou lendo Speaking My Mind: Expression and Self-Knowledge, de Dorit Bar-On (Oxford: OUP, 2004). Resenhas do livro podem ser encontradas no final da página de Bar-On. Nesse livro, Bar-On procura expor e defender o que ela própria denomina "neo-expressivimo", uma teoria de uma certa classe de auto-atribuições de estados mentais, as manifestações (avowals). As manifestações são frases ou pensamentos em que um sujeito atribui a si mesmo estados mentais no presente do indicativo, tal como "Eu sinto dor", "Eu penso que vai chover", "Eu odeio George W. Bush", etc. O neo-expressivismo procura conciliar elementos do que ela denomina "expressivismo simples", uma teoria não epistêmica (geralmente atribuída a Wittgenstein) e das teorias epistêmicas das manifestações.
Segundo o expressivismo simples, as manifestações não são verdadeiras ou falsas, mas apenas expressam os estados mentais que parecem atribuir ao sujeito, do mesmo modo como "Ai!", por exemplo, apenas expressa dor e não é uma expressão verdadeira ou falsa. É óbvio que, de acordo com o expressivismo simples, manifestações não podem veicular auto-conhecimento, conhecimento da própria mente, pois sequer são verdadeiras ou falsas.
As teorias epistêmicas das manifestações, por outro lado, partem do fato de as manifestações não apenas serem verdadeiras ou falsas, mas veiculam, na maior parte dos casos, auto-conhecimento, entendido aqui como um juízo recognicional que o sujeito faz de si mesmo e que está de algum modo justificado. Cada versão das teorias epistêmicas procura, então, determinar o tipo de faculdade que permite o auto-conhecimento, assim entendido, o que inclui uma consideração da natureza das entidades que são assim conhecidas.
O problema com o expressivismo simples, segundo Bar-On, é que ele não respeita a continuidade semântica entre atribuições de estados mentais de primeira e terceira pessoas. E essa continuidade é fortemente apoiada poraolgo análogo ao famoso "ponto de Geach": podemos usar manifestações como antecedentes ou conseqüentes de condicionais ou como premissas ou conclusões de inferências. Mas apenas o que pode ser verdadeiro ou falso pode ser assim usado.
O problema como as teorias epistêmicas, segundo Bar-On, é que elas não conseguem explicar os principais aspectos epistêmicos das manifestações, a saber: o fato de as manifestações estarem normalmente protegidas de avaliações epistêmicas, o fato de as manifestações serem tomadas geralmente como verdadeiras, a assimetria epistêmica entre primeira e terceira pessoas, etc.
O neo-expressivismo, tal como as teorias epistêmicas, defende que as manifestações são verdadeiras ou falsas e que veiculam auto-conhecimento. Mas, diferentemente das teorias epistêmicas, defende que não há nenhuma faculdade especial envolvida no auto-conhecimento e que as manifestações não são juízos recognicionais que o sujeito faz de si mesmo. Bar-On argumenta que os principais aspectos epistêmicos das manifestações, inclusive o fato de veicularem auto-conhecimento, podem ser todos explicados pelo fato de elas também expressarem os estados mentais que atribuem ao sujeito. E nisso o neo-expressivismo se assemelha ao expressivismo simples.
Esse é o resumo da ópera. Pretendo postar mais coisas sobre esse livro em breve. E dessa vez espero cumprir a promessa.
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