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domingo, 26 de novembro de 2006

(DC2) Dúvida fingida é dúvida?

Janet Broughton diz: "I think it is helpful to compare the method of doubt to a game, a game whose rules demand that players do things it would be ridiculous to do if they weren't playing the game." (Descartes's Method of Doubt, p. 48) Se ela estiver correta, acho que isso reforça uma das minhas suspeitas: a dúvida certesiana não é uma dúvida. Por que? Porque o que seria ridículo nesse contexto, segundo Janet, seria suspender o juízo que fazemos ordinariamente. Ela acredita que a dúvida cartesiana visa apenas mostrar que não temos certeza absoluta sobre certas coisas, não a suspensão de nosso juízo sobre o que ordinariamente achamos razoável acreditar. Mas na Primeira Meditação Descartes pede que suspendamos o juízo sobre certas coisas que ordinariamente achamos razoável acreditar. Dai a idéia que esse é o pedido para entrar num "jogo". Detalhe: quando percebemos que não temos certeza absoluta (no sentido explicado por Jasnet) sobre algo, não dizemos que duvidamos. De (a) "Não tenho certeza absoluta que p" não concluímos (b) "Duvido que p" ou (c) "Tenho dúvidas sobre se p". (b) e (c) implicam que não creditamos que p, ou seja, implicam nomínimo a suspensão do juízo sobre se p. De qualquer forma, (a) é compatível com "Mas tenho certeza que p, tanto quanto qualquer um pode ter".

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