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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Como escrever um ensaio filosófico de merda: um guia rápido para os estudantes, por James Lenman

Sempre comece seu ensaio com algo nestas linhas: "Desde a aurora dos tempos o problema da vontade livre tem sido considerado por muitos dos grandes e profundos pensadores na história".

Sempre termine seu ensaio com algo nestas linhas: "Assim, pode ser visto pelos argumentos acima que há muitos pontos de vista diferentes sobre o problema da vontade livre."

Sempre que tiver qualquer dúvida sobre o que dizer sobre X, diga a propósito de nada em particular e sem nenhuma explicação, que X é extremamente subjetivo.

Quando isso ficar chato, tente dizer que X é muito relativo. Nunca diga ao que é relativo.

Use a linguagem com o mínimo de precisão possível. Invista pesado em malapropismo e erros categoriais. Refira-se a afirmações como "argumentos" e a argumentos como afirmações. Descreva com frequência frases como "válidas" e argumentos como "verdadeiros". Use a palavra "lógico" para significar plausível ou verdadeiro. Use "inferir" quando você quer dizer "da a entender" (imply). Nunca use a palavra "petição de princípio" com o seu significado correto mas use-a incorretamente tão frequentemente quanto possível.

"Argumento " é talvez a palavra mais importante em filosofia. Portanto, por que não impressionar o avaliador escrevendo-a com dois "e"s?

Adquira o hábito de inserir palavras como "logo" e "portanto" entre frases que são inteiramente irrelevantes uma para a outra. Isso vai trazer à existência uma relevância que previamente não existia.

Cuidado para assiduamente sempre evitar responder a questão formulada. Há tantas outras coisas interessantes para você discutir.

Coloque "aspas" em palavras "inteiramente" ao acaso. Sistematicamente confunda "porque" com "por que".

Em algum ponto de todo ensaio, trate o avaliador com um breve seemão ao estilo Dr McCoy sobre os perigos de se ser muito lógico quando se tenta pensar sobre Deus/obrigação moral/vontade livre/a teoria do conhecimento/qualquer assunto que seja. Para reforçar o ponto, sempre ajuda sinalizar, uma vez mais, o quão muito subjetivo é o assunto em questão. Evite clareza a todo custo. lembre-se: nada que é claro pode ser realmente profundo. Se como resultado o avaliador te der um terço da nota, isso apenas mostra como a sua sabedoria está indo diretamente sobre a cabeça dele(a).

(O que quer que você faça, nunca dê atenção às palavras de Peter Medawar: "Ninguém que tenha algo original ou importante para dizer vai voluntariamente correr o risco de ser mal entendido; pessoas que escrevem obscuramente ou são carentes da habilidade de escrever ou estão a fim de passar trote." Que bobo!)

Lembre-se: parágrafos são para maricas. O mesmo vale para títulos.

Apenas pessoas pequenas usam exemplos. Evite-os tenazmente. Se você insistir em usar algum, assegure-se de fazê-lo com estudada irrelevância.

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Tradução: minha

O texto original encontra-se aqui.

2 comentários:

  1. ele tem que convencer os professores desta caca..que afinal eu amei...

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  2. ele tem que convencer os professores desta caca..que afinal eu amei...

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