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domingo, 3 de dezembro de 2006

Cérebro na cuba, externalismo [externismo] e ceticismo


Andei pensando sobre a resposta de Putnam ao desafio do cérebro na cuba (cf. "Brains in a Vat", cap. 1 de Reason, Truth, and History). Não conferi o que escrevi no próximo parágrafo. Estou sem tempo agora e confiando na memória apenas.

Se S1 e S2 dizem que Fa, mas S1 se refere a X por meio de 'F' e S2 se refere a Y por meio de 'F' e X não é o mesmo tipo de coisa que Y, então o conteúdo de 'Fa' é diferente para S1 e S2. S pode referir-se a X por meio de ‘F’ apenas se S e X mantiverem uma relação causal apropriada. Se S é um cérebro numa cuba, então S não pode manter a relação causal apropriada para que ‘F’ possa referir-se a objetos físicos. Se S1 fosse um cérebro numa cuba e S2 não fosse, e se S2 se referisse, por meio de ‘F’, a uma certa classe de objetos físicos, X (cérebros ou cubas, p.ex.), então S1 não poderia se referir a X por meio de ‘F’. Se S1 diz que é um cérebro numa cuba, então ‘cérebro’ e ‘cuba’ não tem o mesmo conteúdo que tem para S2, e, por isso, 'Eu sou um cérebro numa cuba' não tem o mesmo conteúdo para S1 e S2. Portanto, mesmo que a frase de S1 fosse verdadeira, ao pronunciá-la ele não estaria pensando a hipótese que S2 pensa ao dizer a mesma frase. Portanto, ou S é um cérebro numa cuba, mas não pode pensar que é, ou ele pode, mas não é um cérebro numa cuba.

Mas como sei que "S pode referir-se a X por meio de ‘F’ apenas se S e X mantiverem uma relação causal apropriada"? A teoria do significado que está incorporada a esse argumento não se baseia em um conhecimento empírico sobre a relação causal entre o usuário de uma expressão e aquilo ao qual essa expressão se refere? Mas se admito que sei isso, então nem preciso do argumento para rejeitar o ceticismo, não? Me parece que tem alguma coisa errada no que estou dizendo. Mas não sei bem o que é.

(Revisado em 27/06/08.)

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