Suponha que ‘P’ é uma frase do Tractatus. Nordmann quer mostrar que o leitor do Tractatus conclui de ‘P’ que ‘P’ não tem sentido. Mas dado que se uma proposição é verdadeira, ela tem sentido, ‘P’ não é verdadeira; ao menos não é verdadeira no sentido tractariano de “verdadeira”. Isso está relacionado ao que Kang diz nessa passagem:
In relation to this problem, I should mention the difficulty raised by the picture theory in Nordmann's answer to the Main Question. As we have seen, the picture theory plays a crucial role in Nordmann's reconstruction of Wittgenstein's two arguments, the first being the overarching reductio-argument and the second being that Tractarian statements as subjunctives do not have truth-conditions. For these arguments to work, then, we must suppose that the picture theory is true, or more correctly speaking that the statements that comprise the picture theory are true. But how could this be for Nordmann, given that those statements are a part of Tractarian statements which supposedly cannot have truth-values?
O revisionista precisa de um sentido extra-tractariano não apenas de “sentido”, mas também de “verdade”. E é justamente isso que diz Michael Kremer (outro revisionista): ele afirma que ao falar de verdade no prefácio do Tractatus, Wittgenstein usa “verdade” em um sentido bíblico, que designa um “modo de vida, no qual o Tractatus nos inicia” (“The Purpose of Tractarian Nonsense”. Noûs, vol. 35, nº 1, 2001, pp. 39-73). Se isso não for suficientemente problemático, há um problema adicional: acima eu falei de sentido tractariano de “verdade”. Entretanto, se as frases do Tractatus que usam “verdade” não têm sentido, no sentido tractariano de "sentido", como pode haver um sentido tractariano de “verdade”? Não há? Então em que sentido as frases ordinárias da ciência são verdadeiras ou falsas? Certamente não no sentido bíblico! Ademais, como pode haver sentido tractariano de "sentido"?
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