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A: Como assim?
B: Agora o seu cérebro está ligado a um corpo, com aparelho perceptivo, que pode enviar informações sensíveis sobre o mundo empírico ao seu cérebro. Agora você pode ver, ouvir, tocar, cheirar e degustar coisas do mundo. Antes o seu cérebro estava numa cuba com um líquido que o mantinha vivo e estava ligado por fios a um supercomputador, que enviava sinais elétricos ao seu cérebro, os quais eram "interpretados" como as experiências sensíveis que você agora guarda na memória. Quando você via uma cadeira, por exemplo, não existia nenhuma cadeira objetiva, independente, causando a tua impressão visual de cadeira.
A: Bem, quando eu era um cérebro na cuba, eu aplicava os critérios de que dispunha para dizer que havia uma cadeira objetiva, independente.
B: Quais critérios?
A: Quando eu tinha a experiência que eu chamava segurar a cadeira e em seguida tinha a experiência que eu chamava fechar os olhos, por exemplo, a primeira experiência não cessava. Algumas coisas que ocorriam com o que eu chamava de cadeira ocorriam independente da minha vontade e nem tudo que eu tinha vontade que acontecesse com a cadeira acontecia. Por exemplo: quando eu tinha a experiência que eu chamava inclinar a cadeira para trás para além de um certo ponto, essa experiência era seguida pela experiência de ver a cadeira cair, mesmo que não quisesse que ela caísse. Etc.
B: Mas não tinha nenhuma cadeira caindo!
A: Por que?
B: Ora, porque essas experiências não eram causadas por uma cadeira!
A: Bem, não eram causadas pelo que você chama de cadeira. No meu caso, era causado pelo que eu chamava de cadeira.
B: Não! Cadeira é isso aqui! [tocando uma cadeira] Isso existe independentemente da tua mente. Aquilo que vc experimentava não!
A: Bem, as minhas experiências não eram independentes da minha mente do mesmo modo como as tuas não são independentes da tua mente. Mas as experiências que eu tinha eram causadas por algo independente da minha mente, certo?
B: Certo, mas não por cadeiras!
A: Bem, o fato é: havia algo metafisicamente objetivo causando minhas experiências, certo?
B: Certo...
A: Pois bem, cadeira objetiva é o que quer que fosse objetivo e estava causando minha experiência de cadeira.
B: Não, pois era um computador que fazia isso!
A: Mas você já admitiu que o computador é objetivo.
B: Mas o computador não é uma cadeira!
A: Novamente: ele não é o que você chama de cadeira. Ademais, o computador não desempenhava um papel causal na experiência que eu chamava de ver cadeira análogo ao que as cadeira aqui desempenham na experiência que você chama de ver cadeira. Por isso, o computador como um todo não estava causando minha experiência do mesmo modo como a cadeira causa a tua. Doutra forma, minha experiência seria a de ver um computador. O que causava minha experiência era um certo conjunto de impulsos específicos emitidos pelo computador. O que eu agora descobri é que o que eu experimentava quando tinha a experiência que eu chamava de ver cadeira era esse conjunto de impulsos. O que eu agora descobri é que o que eu chamava de cadeira é isso... é algo que tem essa natureza... Meu mundo era constituído dessas coisas.
B: Mas esse era um "mundo" ilusório. As coisas que você experimentava, agora você descobriu, não existiam.
A: É claro que existiam. Eu experimentava cadeiras. Mas agora eu sei que o que eu chamava de cadeira tinha uma natureza diferente daquela que eu pensava e diferente da natureza do que você chama de cadeira.
B: Mas cadeira é isso! [tocando uma cadeira]
A: Repetindo: isso é o que você chama de cadeira. Eu aprendi a chamar de cadeira aquilo que aparecia na minha experiência, fosse o que fosse. Eu aprendi a chamar de objetivo o que satisfaziam certos critérios de objetividade. E o que eu chamava de cadeiras satisfaziam esses critérios.
B: Não! Você tinha ilusão de experimentar cadeiras, uma ilusão de que eram objetivas!
A: Nós sabemos que eu estava iludido?
B: Sim, não sabemos?
A: Portanto, agora sabemos que não estamos iludidos, certo?
B: Certo.
A: Agora sabemos que a experiência que temos dessa cadeira é causada por uma cadeira objetiva, certo?
B: Certo.
A: E o que te leva a crer nisso? Quando você tem a experiência que você chamava segurar a cadeira e em seguida tem a experiência que você chamava fechar os olhos, por exemplo, a primeira experiência não cessa? Algumas coisas que ocorrem com o que você chama de cadeira ocorrem independente da tua vontade e nem tudo que você tem vontade que aconteça com a cadeira acontece? Por exemplo: quando você tem a experiência que você chama inclinar a cadeira pra trás para além de um certo ponto, essa experiência é seguida pela experiência de ver a cadeira cair, mesmo que você não queira que ela caia? Etc.?
B: Bem... sim...
A: Mas isso é exatamente o que eu fazia quando era um cérebro na cuba!
B: Mas o que você vai conseguir com essa linha de raciocínio é, no máximo, um ceticismo sobre o que sabemos agora, não a tese que você experimentava cadeiras quando era um cérebro na cuba.
A: Isso é uma cadeira? [agarrando uma cadeira]
B: Sim.
A: Mas se você agora é um cérebro numa cuba, isso é uma cadeira? [segurando uma cadeira]
B: Não.
A: Mas como você sabe o que é uma cadeira? Como você sabe que está de posse do conceito de cadeira?
B: Porque eu faço coisas que apenas quem tem o conceito de cadeira pode fazer.
A: Como o que?
B: Como pensar sobre cadeiras, pensar pensamentos sobre cadeiras, como o pensamento que talvez isso aqui não seja uma cadeira. [agarrando uma cadeira]
A: Mas se você é um cérebro numa cuba e está certo sobre o que implica estar nessa condição, então você nunca experimentou uma cadeira. Sendo assim, se você aprendeu a usar "cadeira" por meio de ostensão, então você aprendeu a chamar de cadeira aquilo que você estava experimentando. Mas se não eram cadeiras, então você aprendeu a chamar de cadeira coisas que não são cadeiras. Mas isso é análogo a aprender a chamar esferas de cubos. Nesse caso, você aprende o que? A usar a palavra "cubo" com o mesmo significado de "esfera"? Ou você aprende usar erroneamente a palavra "cubo", no sentido de sempre dizer falsamente de algo que é um cubo?
B: A segunda opção.
A: Bem, você está contrastando o uso desviante aprendido com o uso que as demais pessoas fazem. Se o último é o uso correto, então o primeiro é um uso incorreto. Mas me diga uma coisa: quando a pessoa que aprende a chamar esferas de cubos diz "Isso é um cubo" apontando para uma esfera, qual é o significado de "cubo"?
B: É o significado normal, com o qual nós normalmente usamos a palavra.
A: Mas como isso é possível? Como essa pessoa pode usar "cubo" com esse significado, dado o modo como aprendeu a usar essa palavra (isto é, para chamar esferas de "cubos")? Ela aprendeu a usar "cubo" de um acerta forma e é competente nesse modo de usá-la. Mesmo que admitamos que há modos de uso corretos e modos de uso incorretos da expressão, ainda podemos avaliar um uso da expressão em relação a um desses modos. Mas isso vai nos fazer dizer coisas estranhas como "Ela usou a expressão corretamente de acordo com esse modo incorreto de usar a expressão".
B: Não. Se a pessoa está usando de modo incorreto, então seu uso é incorreto.
A: Mas o que essa pessoa aprendeu a chamar de "cubo"? Não foram esferas? Ele aprendeu a identificar esferas e a chamá-las de cubos. Logo, toda a vez que ela disser "Há um cubo na gaveta", sabemos que ela está dizendo, no idioma que ela aprendeu, que há uma esfera na gaveta. Logo, sua frase é verdadeira se e somente se houver uma esfera na gaveta. Portanto, dado esse modo de uso de "cubo", ela usa corretamente essa palavra se a aplica a esferas.
B: Mas veja: agora que você descobriu que não é mais um cérebro numa cuba, você não acha que estava maciçamente enganado sobre a realidade?
A: Se, por exemplo, descobrirmos que, num nível ainda mais microscópico do que aquele que conhecemos, a matéria é formada por constituintes de uma natureza muito diferentes da natureza das partículas até então conhecidas, então estaremos enganados sobre a natureza última do que experimentamos ordinariamente. Mas isso não tornará falsas todas as nossas afirmações sobre o que experimentamos ordinariamente, tais como "Esta cadeira está em minha frente", "O computador está ligado", "Estou em Curitiba", etc. Cadeira é isso que experimentamos, tenha a natureza última que tiver. Analogamente, eu acreditava que aquilo que eu experimentava tinha uma, digamos, natureza última diferente daquela que agora eu sei que tem. Mas isso não torna todas as minhas afirmações sobre o que eu experimentava falsas. Cadeira é o que eu chamava de cadeira, tivesse a natureza que tivesse.
B: Você também estará enganado sobre sua própria natureza.
A: Sobre a natureza última do meu corpo, sim. Mas tenho uma pergunta: como sei que eu era um cérebro numa cuba? Como eu sei que a evidência para pensar que deixei de ser um cérebro numa cuba não é evidência para pensar que passei a ser um cérebro numa cuba?
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* Esse texto foi inspirado em uma estimulante discussão com meu amigo Flávio Williges. Agradeço ao meu amigo Tiago Falkenbach por iluminadoras discussôes sobre esse texto. Deveria ficar claro agora o que há de errado na minha postagem Cérebro na cuba, externalismo [externismo] e ceticismo.
Este pequeno dilema escrito, "Objetividade e ceticismo" parte de uma mesma situação no texto de Putnam no "Caso dos cérebros numa cuba".
ResponderExcluirSão jogos filosóficos interessantes.
Tentarei aqui uma análise:
Primeiro- a solução do seu interlocutor 'A' no primeiro momento é se esgueirar pela floresta escura do solipsismo na defesa da crítica do objetivismo do interlocutor B: "Isso é o que você chama de cadeira. EU aprendi a chamar de cadeira aquilo que aparecia na minha experiência, fosse o que fosse." Isolando esta estratégia, poderíamos perfeitamente caracterizar esta solução como "Vacina Universal à Crítica", o que é caracterizado, por uma desonestidade intelectual (se não consciente, ao menos em consequencias práticas num debate que propõe a verdade, ou a uma aproximação desta).
Seguiria aqui, as convenções popperianas, onde propõem-se primeiramente as consequencias refutadoras de minha teoria ou enunciado. O que significa aqui na adoção por parte de 'A', da refutação de sua tese de que aquilo era uma cadeira, pela verificação de seu estado de cérebro em uma cuba. Ou seja, a teoria ('A')que dissera que aquilo era uma cadeira é refutada pela "demonstração" de que ele era um cérebro em uma cuba. Se isto não a refuta, o que poderia fazê-la?
É claro que Popper nos avisa que, a adoção destes critérios e consequentemente dos enunciados falseadores, é diligentemente possibilitado pela convenção e boa índole de seus interlocutores, de outra forma poderíamos brincar de gato e rato.
Recolocando o pequeno recorte que fiz ao texto, fica complicado manter minha posição, na medida em que o objetivo do mesmo, é o segundo argumento do título, "ceticismo" (talvez o texto devesse chamar-se 'Ceticismo' e não 'objetividade e ceticismo'), que mantém-se em estado bruto. O desafio filosófico aqui está mais para uma brincadeira infantil de derrubada de qualquer posição.
O solipsismo (perdoe a minha acusação quase infundada, devido a sua não adoção explícita do termo no texto, mas para mim cabe bem a fins de discussão da posição do interlocutor 'A') e o ceticismo extremo é uma brincadeira de criança, em que poderíamos sim apelar ao redução ad infinitum (a fim de se vislumbrar uma possível
e racional saída, ver Popper e a solução ao Trilema de Fries)como uma manerira lúdica de complicar 'B'.
A tradição epistemológica de justificação via psicologismo é antiga e errônea. Não há justificação última para a verdade de uma teoria ou proposição (e ainda que tivesse, não o poderia ser via psicologismo das sensações), não há meios de saber que chegamos à Verdade, só temos meios de refutar esta ou aquela asserção ou teoria. No entanto a adoção de uma posição entre duas teorias, digamos a de 'A' e 'B' seria mais racional optarmos pela segunda, visto que ela ainda não foi refutada pela experiencia, ainda que não testada.
Agora, a cadeira verdadeira é aquela que 'B' estava segurando e não a que 'A' experimentou? Até agora sim.
"Este pequeno dilema escrito, "Objetividade e ceticismo" parte de uma mesma situação no texto de Putnam no "Caso dos cérebros numa cuba"."
ResponderExcluirLeia a nota do texto.
"São jogos filosóficos interessantes."
Não é um jogo. É um experimento mental, recurso que muitos cientistas e filósofos usam, inclusive Popper.
"Tentarei aqui uma análise: Primeiro- a solução do seu interlocutor 'A' no primeiro momento é se esgueirar pela floresta escura do solipsismo na defesa da crítica do objetivismo do interlocutor B: "Isso é o que você chama de cadeira. EU aprendi a chamar de cadeira aquilo que aparecia na minha experiência, fosse o que fosse.""
Non sequitur: do que A diz não se segue nenhum solipsismo
"Isolando esta estratégia, poderíamos perfeitamente caracterizar esta solução como "Vacina Universal à Crítica", o que é caracterizado, por uma desonestidade intelectual (se não consciente, ao menos em consequencias práticas num debate que propõe a verdade, ou a uma aproximação desta)."
Do que A diz nãos e segue o solipsismo e do solipsismo não se segue nenhuma desonestidade intelectual ou vacina universal à crítica. Essa é uma acusação grave feita sem nenhuma evidência, ou seja, leviandade intelectual.
"O desafio filosófico aqui está mais para uma brincadeira infantil de derrubada de qualquer posição."
Brincsdeira ou não, trata-se de algo que não entendeste, pois teu comentário está repleto de mal-entendidos, absoluta falta de caridade interpretativa e observações irrelevantes. Mas, o mais importante é: elas mostram que o autor não está disposto a discutir em busca da verdade, mas apenas em ganhar o debate.
Bom dia,
ResponderExcluirdevo começar desculpando-me pela minha ingenuidade filosófica em acusar 'A' de cair em solipsismo. Já demonstrava minhas ressalvas no texto anterior quanto a esta acusação, mas entendia que pra fins práticos e informais de debate (visto que tinha a intenção de uma abordagem do problema por outro flanco, popperiano) caberia o rótulo.
Mas voltemos ao cerne do problema. A acusação persiste:a "Vacina Universal à Crítica", pois em minha crítica, não era necessário o solipsismo pra por fim resultar em uma desonestidade intelectual (sua persistência na crítica à crítica do solipsismo é uma cortina de fumaça), mas sim que a esquiva de 'A' em aceitar a condição refutadora de 'B' é clara para mim;
Bem como minha solução ao dilema: a adoção mais racional da posição de 'B', visto mais uma vez que a teoria de que "sua" cadeira é a verdadeira, é mais racional na medida que ainda não refutada, ao contrário da de 'A'.
Responderia aos últimos GRACEJOS FILOSÓFICOS de 'A' assim: "C: - Deixe-me pensar 'A'.... ou eu aceito o solipsismo, ou idealismo, ou cérebros numa cuba, ou então... eu poderia simplesmente aceitar meu humilde realismo de senso comum da realidade, que entendo que deva ser este que estamos agora.
Bom, ou posso ser um filósofo de pompa e aceitar este ceticismo cheio de "serás?" e me sentir como Berkeley, podendo então desprezar o "grosso iletrado da humanidade percorrer o trilho simples do senso comum, governado por ditames da natureza, com facilidade e sem perturbação."(Introdução do "Tratado sobre o conhecimento humano"), ou posso aceitar sim o realismo de senso comum e a partir daqui (não tão seguramente como o "cogito" de Descartes, mas o suficiente)construir teorias mais explanativas, mais informativas, mais refutáveis, que nos traga mais conhecimento da realidade progredindo através da crítica de problemas sérios.
Desculpe 'A', mas acho que ficarei com a segunda opção. Prefiro acreditar que o que vemos, testamos e refutamos aqui é verdadeiro, e que sua alegação de cérebros em cubas, ou seu pretenso debate sobre "objetividade", não passa de "ceticismo" filosófico (no sentido pejorativo do termo). Adotar a segunda concepção é encarar os problemas com seriedade, ética, e com resultados relevantes. Se você pergunta "o que é...?" nós perguntamos "o que poderemos chamar de ...?", "quais os resultados?", "é refutável? se sim, sob quais condições?", quais as implicações práticas de sua corroboração ou refutação ao conhecimento do mundo?"; optamos por uma interpretação nominalista em detrimento de uma essencialista ou aristotélica (vide toda a obra de Popper, ou mais especificamente p.21 de "A sociedade aberta e seus inimigos" e capítulo 2 do "Conhecimento Objetivo"). E frente a uma refutação não inserimos enunciados ad hoc, ou gracejos filosóficos, como: "será que não é você quem está numa cuba?", mas sim abandonamos-a e desenvolvemos uma teoria melhor, aprendendo com nossos erros.
PARTE 1
PARTE 2
ResponderExcluirPor fim, não é um "experimento mental", e sim no máximo (vendo o mais positivo possível) uma questão filosófica, ou uma inquietação filosófica. Poderíamos chamar de experimento mental o MMPI (Personality Research Form) ou Q-sort, ou teste de Rorschach, entre outros, e não os "cérebros numa cuba".
Se o objetivo era a "Objetividade" eu não encontrei nenhuma passagem digna de reconhecimento,somente psicologismo cansativo; se foi o "Ceticismo" quanto à realidade ou à argumentação, isto sim me parece desonestidade intelectual, visto ser apenas uma verborragia filosófica, sem fundamento ou resultados práticos ou construtivos, pois não sei aonde leva tal resultado do "experimento" (e se estivermos todos dentro de cubas e de outras cubas, de outras cubas.....?).
Deixo aqui mais uma tentativa de refutação e aguardo ansioso mais uma réplica.
Espero não ter sido rude e ter mantido o foco "filosófico".
Abraço.
Refutações: A partir de agora vou tomar isto como regra: comentários ofensivos e de pessoas que não se identificam serão simplesmente ignorados nesse blog. Se vc nào se identificar no teu próximo comentário desnecessariamente ofensivo, vou ignorá-lo. Vou comentar o teu primeiro parágrafo, pois nele está contido algo de suma importância para a minha atitude.
ResponderExcluir"devo começar desculpando-me pela minha ingenuidade filosófica em acusar 'A' de cair em solipsismo. Já demonstrava minhas ressalvas no texto anterior quanto a esta acusação, mas entendia que pra fins práticos e informais de debate (visto que tinha a intenção de uma abordagem do problema por outro flanco, popperiano) caberia o rótulo."
Vc começa pedindo desculpas pela ingenuidade de atribuir a A o solipsismo. Mas depois diz que pra "fins práticos e informais" "caberia o rótulo". Se é falso que A sustenta um solipsismo, então é falso e ponto, e nenhum fim prático ou informal vai fazer com que seja verdadeiro. Ingenuidade acadêmica é quando alguém fala de um assunto desconhecendo o debate já existente. Esse é um caso de puro erro de raciocínio. E trata-se de um erro primário! Está vendo? ISSO é mostrar o que se acusa, e não apenas acusar sem nenhuma justificativa, como vc faz.
Vc simplesmente não entendeu o texto que julga estar criticando. Ele não apresenta o dilema "Ou a cadeira de A é real, ou a cadeira de B é real". Releia o texto com atenção e peça esclarecimentos do que não entendeu, antes de se meter a refutá-lo.
Vc apenas se limita a interpretar de modo errado o texto, atribuindo a ele um dilema que ele não possui e a dizer que uma das opções é a correta porque não foi refutada. Mas dado que o dilema atribuído não está lá, vc está argumentando contra um espantalho. Uma pista: se tem um dilema lá, é um dilema entre duas filosofias da linguagem. Novamente: releia o texto com atenção e peça esclarecimentos do que não entendeu antes de se meter a refutá-lo. Vc não fez nenhuma análise do que foi dito pelos interlocutores do diálogo. Vc não usou um pingo sequer de caridade interpretativa.
Vc apenas cita de forma dogmática "toda a obra de Popper" (sic) e acredita que o texto de alguma forma é incompatível com a verdade revelada de Popper. Isso é puro apelo à autoridade.
Vc chamar minha réplica de "cortina de fumaça" não é argumento algum e mostra que, contrariamente ao que Popper diz, vc está tentando imunizar o que vc diz da crítica.
Vc não conseguiu fazer uma discussão objetiva, mas ficou desfilando uma retórica vazia. Agora, uma coletânea de tuas ofensas desnecessárias:
"sua persistência na crítica à crítica do solipsismo é uma cortina de fumaça"
"Responderia aos últimos GRACEJOS FILOSÓFICOS de 'A' "
"ou posso aceitar sim o realismo de senso comum […] que nos traga mais conhecimento da realidade progredindo através da crítica de problemas sérios"
"Adotar a segunda concepção é encarar os problemas com seriedade, ética, e com resultados relevantes."
"E frente a uma refutação não inserimos enunciados ad hoc, ou gracejos filosóficos"
"Se o objetivo era a "Objetividade" eu não encontrei nenhuma passagem digna de reconhecimento,somente psicologismo cansativo; se foi o "Ceticismo" quanto à realidade ou à argumentação, isto sim me parece desonestidade intelectual, visto ser apenas uma verborragia filosófica, sem fundamento ou resultados práticos ou construtivos"