Algumas pessoas não vão ver que o uso dessa imagem procura representar a ato de atirar no pé e nada mais! Elas vão apenas ver que se trata de um homem, branco e não-pobre. |
Para mim, tudo isso é tão somente sinal de arrogância moral e intelectual, uma tentativa de se tornar imune à crítica, como se a justeza de sua causa garantisse infalibilidade intelectual e moral de quem luta por ela. Tais pessoas não admitem a possibilidade de melhorarem sua forma de lutar pela sua causa, pois melhora implica que o que se estava fazendo é passível de crítica. Pior que isso: algumas dessas pessoas simplesmente substituem um ódio por outro, como se a cultura do ódio não fosse problema, mas apenas o objeto desse ódio. É claro que se tais lutas não são pensadas como lutas racionais ou morais, mas como meras disputas pelo poder com base na força e na retórica persuasiva, sem compromisso com o bem e a verdade, então não importa mesmo avaliar moral e epistemicamente os meios que se usa para se atingir tais objetivos. Isso acontece também quando a luta por um certa causa é vista como uma vingança contra os que lutam contra essa causa, pois justiça nada tem a ver com vingança. Nesse caso, a idéia de que se está lutando por uma causa justa baseando-se em opiniões verdadeiras e justificadas foi abandonada.
Ajuda o lado errado quem luta por uma causa justa de uma forma epistêmica ou moralmente errada e se recusa a reconhecer esse erro. Melhorar uma luta com base na crítica é uma parte essencial dessa luta. E não importa de onde vem essa crítica, se de alguém contra a causa justa ou de alguém a favor a ela. Se podemos estar corretos numa crítica a quem luta contra nossa causa, quem luta contra nossa causa pode estar correto numa crítica a nós. É claro que a avaliação da pessoa que oferece a crítica pode ser diferente em ambos os casos. Mas se a crítica for a mesma, seu valor vai ser o mesmo.
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Esta é uma nota que escrevi no facebook em 2013, sob o título "Lutas erradas por causas justas".
Posso estar errado mas, me parece que Hitler foi um que começou sua empreitada com esta coisa de achar que tudo se justifica se a causa for justa. Deu no que deu!
ResponderExcluirPessoalmente nunca gostei de “bandeiras”. Deste o Ensino Médio que sempre vi as pessoas mais “politizadas” (no sentido deste levantar bandeiras em prol das causas que defendem – sejam quais forem) como um tanto imaturas. Mas não me entenda mal, não estou dizendo que não seja importante lugar pelo que se acredita, só penso que “como se luta” é que se torna fundamental, inclusive para ter relativo sucesso.
Hoje em dia, com a internet, com a propagação de qualquer assunto em escala mundial, vivemos uma epidemia de “bandeiras”! Especialmente nos jovens. E penso ainda que vai além disso, há muita luta da “boca para fora”, ou baseada na ignorância.
Eu fico pensando, todos os negros com o que sofreram na escravidão, e todos os tantos intelectuais levantando bandeira de “alforria”, e quando é que foram libertados? Quando o comércio entendeu que isso seria lucrativo! E ai vem as mulheres com todo o feminismo, e quando é que elas começaram a igualar as coisas? Quando fizeram a diferença como mercado consumidor assumindo status de “quem paga a conta”. Mesma coisa para os gays, opressão, opressão... Vida dura, trabalharam duro, viraram um mercado consumidor potente e agora temos “cidades gays para turismo”. Penso que se um grupo hoje quer diminuir o preconceito contra si, na prática, basta que ele se torne um mercado consumidor ativo em algum nicho de mercado. Pelo menos é o que parece resolver a coisa na prática.