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terça-feira, 22 de setembro de 2009

O espelho da finitude


Nas encruzilhadas da vida
a voz da eternidade fica mais perceptível.
Entretanto, não fica mais clara,
nem menos ambígua.
Mas fala através de todas as bocas,
de todas as coisas,
mesmo as mais quietas e discretas.
Às vezes parece caçoar da nossa angústia, quando,
em meio à agitação de uma novidade encantadora,
mostra tudo o que é possível,
sem, porém, ao menos dar pistas
do que é mais certo, do que gera menos dor.
A vertigem da eternidade
apresenta uma possibilidade descoberta
como uma fruta madura,
que chega na hora de uma fome de vida.
Mas provavelmente essa voz é apenas um eco
de um grito animal cheio de medo e desejo,
cheio do que pode e quer, mas tem medo de ser.

3 comentários:

  1. Imagino que tenha sido escrito por ti. Em todo caso, belo texto.

    As vezes me pergunto sobre a natureza da relação entre a poesia e a Filosofia. Em alguns pontos elas parecem se tocar — grandes poetas parecendo filósofos e grandes filósofos parecendo poetas — mas em outros sentidos elas parecem completamente antagônicas. É algo sobre o que eu ainda quero refletir melhor.

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  2. Greg: Obrigado. Esses poemas que cometo de vez em quando têm motivação mista. Mas o fato é que meu objetivo principal, o que tento desajeitadamente fazer, é menos e não necessariamente veicular uma verdade, mas fazer algo belo...

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  3. "De poeta e de louco todos temos um pouco"

    ****
    Gostei tanto do post que resolvi inseri-lo no meu blogue, mesmo sem solicitar permissão, com a respectiva ligação. Caso haja qualquer inconveniente, me informe que o retirarei de imediato.

    Com os meus melhores cumprimentos.

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