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Saul Kripke |
Há quem acredite que filósofos analíticos solucionam problemas filosóficos simplesmente calculando, como se essa solução fosse obtida por meio da aplicação direta de um sistema de lógica formal ao problema. Mas esse é mais um dos tantos
preconceitos sobre a filosofia analítica. Um bom exemplo de resultado em lógica formal cuja importância filosófica ainda é motivo de controvérsia é o teorema da incompletude de Gödel. Uma das perguntas filosóficas fundamentais sobre esse teorema é: ele mostra que a verdade matemática transcende a prova matemática? Mas a resposta a essa pergunta não é obtida com mais cálculo. Kripke expressa bem esse ponto sobre a relação entre filosofia e sistemas formais na seguinte passagem:
Investigações lógicas podem, obviamente, ser ferramentas úteis para a filosofia. Elas devem, todavia, ser informadas por uma sensibilidade para a importância filosófica do formalismo tanto quanto por um entendimento profundo dos conceitos básicos e dos detalhes técnicos do material formal utilizado. Não se deveria supor que que o formalismo pode gerar resultados filosóficos de um modo para além da nossa capacidade ordinária de raciocínio filosófico. Não há nenhum substituto matemático para a filosofia. (Saul Kripke, ‘Is There a Problem About Substitutional Quantification?’ Truth and Meaning, ed. G. Evans and J. McDowell, Oxford: OUP, 1976, p. 416)
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